sábado, 18 de outubro de 2008

Perrengue! Não mereciamos isto.

E era pro título ser diferente. Tinha tudo para ser.

Podia ser: Tem coisas que só acontecem ao Botafogo.

Ou também: É por isso que sou Botafogo!

"Hein?", você deve estar pensando que estou meio avariado e abalado, quiça louco com esta derrota - a segunda vitória do Santos fora de casa neste campeonato! - ou algo deste naipe, mas de fato, no meio disso tudo, não tenho do que reclamar.

É por isso que sou Botafogo!

Tudo começou quando eu liguei pra sede de General Severiano hoje e perguntei se ainda vendiam ingressos no Via Parque, pois estava na Barra dando aula. Seguindo a resposta afirmativa de que haveria venda até às 17h dei com os burros n'água às 16h20, o que me deixava já atrasado, pois ainda precisava voltar em casa em Ipanema, trocar de roupa, pegar as estrelas de isopor e partir pro metrô pra depois pular pro trêm e ainda comprar ingresso.

Estava pronto às 17h30: tarde demais para fazer a missão em cima dos trilhos. Resolvi então aproveitar o fato de estar com um carro emprestado e parti pela primeira vez de carro, sozinho pro Engenhão. Isso significou cerveja zero pela primeira vez em um jogo de futebol - como não se vende mais dentro do estádio, acabei nem sentindo tanta falta assim.

Feliz em teoricamente conseguir chegar a tempo e com a consciência cidadã refletindo a maturidade que tanto busco forjar a cada ação encaro um daqueles obstáculos da vida: tendo acabado de passar pelo NorteShopping o carro simplesmente morre em movimento e não gira mais a chave - já havia dado sintomas disto há algum tempo, mas desta vez fora pra valer.

Empurrei quase um quarteirão pela via principal, sendo ajudado por um bicicletista - que disse que só me ajudava porque era alvinegro - e por uma viatura de polícia, que solicitamente, sem ser pedida, segurou o trânsito para eu fazer o retorno empurrando o jipe a entrar no posto.

O posto não tinha cabo para chupeta, o motorista rubro-negro quando perguntado sobre chupeta disse que isto era coisa de tricolor, mas que me desejava sorte, um frentista me cobrara dez reais pra deixar o carro ali, o outro resolveu empurrar com mais uns meninos da região pra fazer o possante pegar no tranco.

Pegou. Mas bastava tentar ligar farol, rádio ou algo parecido que o carro dava sinais de que iria morrer ali mesmo. Sentiria falta dos limpadores de pára-brisa na volta.

E apagado subi a rua que levava ao Engenhão, onde parei no estacionamento do setor Visa, pois quanto menos voltas desse melhor, afinal o carro podia parar a qualquer momento e a essa altura a partida já havia começado.

Como a vida me levou até lá, aproveitei e fui tirar uma foto do busto de Garrincha, que havia sido colocado lá há poucos instantes. Não somente tirei a foto como reencontrei o assessor de imprensa do Botafogo, amigo de meu amigo, de quem comentei em um dos primeiros posts aqui do blog. Não é que o cara me reconheceu e após saber que ainda necessitaria comprar o ingresso e ouvir o meu relato que agora compartilho com vocês, ficou sensibilizado com minha saga e me convidou para ficar no setor Visa.

Pois não apenas assisti à partida ali, da cadeira 33 da primeira fileira, na boca da saída do vestiário, como pude acompanhar um Botafogo decente no primeiro tempo e apagado no segundo.

O destaque da partida para mim - com defesas espetaculares e saídas seguras - foi o Renan, que tem demonstrado que está a altura da titularidade. Mas foi o que disse para ele no final: tudo vem com o tempo, no compasso certo.

Do outro lado, destaque para o goleiro Fábio Costa, que pegou tudo e mais um pouco.

Mas apesar dos destaques terem sido os goleiros, não se pode dizer que o Botafogo jogou bem. Principalmente na segunda etapa, quando voltou sonolento, sem pegada.

Ouso dizer que tudo começou a sair dos eixos quando perdemos nosso maestro, lesionado. Tomara que possa jogar na terça.

Entrou o Zárate, que muito voluntarioso, raçudo e com alguns bons toques no ataque não fez nada demais, tendo perdido duas importantes chances, uma delas nas quais ele precisaria ter apenas 5 quilos a menos pra apenas se jogar na bola, que cruzara caprichosamente a pequena área.

Mas se o tom com o hermano ainda é de 'aceitação', tudo muda quando começo a falar de Ney Franco e suas duas outras substituições:

Wellington Paulista, que apesar de caindo, vinha jogando bem quando de pé, sendo o único que ameaçava de fato a meta santista e Carlos Alberto, que apesar de firuleiro e fominha era, com a saída de Lúcio Flávio, o único que dava maior qualidade no meio, tendo boa visão de jogo - apesar de ter perdido perigosamente a bola em dois lances individuais excessivamente fominhas.

Mas enfim, ao menos ambos são jogadores, estavam ligados.

Lucas Silva e Marcelinho que entraram mostraram duas coisas: que o primeiro pode voltar ao México e que o segundo pode voltar pra onde veio.

O primeiro não se destacou para mim mais do que quando perdeu infantilmente a bola em jogada tranquila no meio campo, reflexo da desatenção e falta de ritmo de jogo, mas isso não deve ser desculpa, principalmente porque pelo video no youtube se esperava ao menos um chute a gol. E nada.

Pior do que nada é a furada de Marcelinho, jogada-exemplo do futebol deste cidadão que não pode servir de opção séria para se virar uma partida: é por demais limitado, por mais que esforçado. Aliás, falando nisso, por que não colocar o Fábio? E o Alexsandro?

A que ponto chegamos? Ter que perguntar por que não colocar Fábio, Alexsandro...

Bem, quanto ao jogo foi mais ou menos isso. Não tenho como falar do gol do Santos, pois estava gritando pro Wellington Paulista me jogar a camisa dele. Fiquei sem a camisa e sem ver o gol, que acabei de ver agora na globo.com: que golaço.

Deu a impressão de que se o Renan não tivesse dado aquele passo pra frente antes da batida ele poderia ter alcançado a bola; ainda mais se fosse pulando pra fora, ao invés de pular com o corpo pra dentro, devido ao passo pra frente que havia dado. Todavia, bola dificílima e mérito do camisa 10 santista.

E falando em mérito, na saída pude tirar mais fotos com o busto e com o totem do Garrincha, além de ter a felicidade de encontrar, conversar e fotografar com boa parte do time. Alguns, como Lopes e Thiaguinho passaram sem eu perceber ou ter tempo de chegar para abordar. Mas Renan, Jorge Henrique, Zárate, Renato Silva, além do eterno craque alvinegro Maurício foram todos muito simpáticos e solícitos - fiquei realmente impressionado com o carinho e paciência de cada um deles.

E olha que precisaram, pois eram algumas pessoas pedindo autógrafo e fotos, nem todos, é verdade, com uma máquina tão lenta e que dava erro toda hora como a minha. Mas as fotos saíram e vão online daqui a pouco. Via-se, nuns mais, noutros menos, felicidade em estar ali, respirando Botafogo.

Teve torcedor xingando e querendo agredir o Thiaguinho - a meu ver de forma completamente injustificada -, mas foi prontamente reprimido por uma torcedora símbolo das Guerreiras AlviNegras, que ameaçou: se falar mais uma besteira dessas, leva um catiripapo.

E tudo acabou por se apaziguar, dando vez a um comentário de um simpático senhor que me confundira com ex-jogador do clube. Jorge, que lembrava a escalação do time de '58 e disse que o de '68 fora o melhor, soltou a pérola da noite: "ele ainda vai ver muita coisa pela frente", completando depois com a memória da final de '71 contra o Fluminense, mais um roubo do tricolor das Laranjeiras - gol do Barcelona! -, na qual vagava perdido pela Praça da Bandeira.

E quando eu estava lá, perdido em meio a pensamentos a cerca do resultado e a devaneios com a imagem do 'Anjo das pernas tortas', esperando solitário a saída dos jogadores, fui abordado pela equipe do EsporTVisão da TVBrasil para responder sobre 'se a seleção brasileira tem jogadores no Brasil para substituirem os estrangeiros'. A pergunta, um pouco tendenciosa, colocava a 'culpa' pela convocação de estrangeiros no Dunga, mas pelo que me lembre há muito tempo a base da seleção é européia, não?

Enfim, falemos da seleção de nossos corações estelares e solitários! Temos agora que torcer pelo empate entre Coritiba e Goiás amanhã, quando seremos mais do que nunca 'vascaínos desde pequenos'. O Vitória pode perder ou empatar com o Fluminense, ganhar não, senão complica por nosso lado também.

Como sempre, fomos Robin Hood, ganhando dos grandes e entregando o ouro para os que estão abaixo na tabela.

No blog amigo Mundo Botafogo o Rui já dá como certo ficarmos ali na mediocridade entre o nono e o décimo-segundo lugar.

Sou mais otimista: acredito ainda em Libertadores. Ainda faltam 8 rodadas e com cinco vitórias o G4 é uma realidade a meu ver. Se o Internacional acredita e está atrás, por que nós não acreditariamos?

Temos que apoiar. E meter na cabeça de Ney Franco que Marcelinho e cia. não são solução pra virar jogo: nem aqui, nem na Argentina.

Vamos fazer nosso papel: vamos lotar o Engenhão!

E terça, torcer em frente à TV. Pra cima dos hermanos!

SAN

K1

Um comentário:

Unknown disse...

muito bom o blog Klaus !
que Saga ein !
o time não merecia essa aventura toda não, mas com certeza o eterno camisa 7 agradece

abraços