terça-feira, 3 de junho de 2008

O Botafogo é o Brasil ou simplesmente 'Eu também não estou no Botafogo para apanhar'

Os incidentes nos Aflitos serviram para mais uma vez criar uma situação que evidencia que estamos todos no mesmo barco:

Se na quarta, em Sampa, foi a vez da torcida apanhar da PM truculenta, despreparada e mal-intencionada de São Paulo - caso pouco explorado pela imprensa presente no local -, no domingo, até por se tratar de nosso presidente e de dois jogadores de futebol, a mesma truculência, despreparo e má-intenção vieram à tona nos Aflitos.

Deveria, tal qual o Fábio, ter feito corpo delito do meu ombro.

E em ambas situações, vimos nos olhos dos PMs o despreparo sanguinolento de quem pensa (?) que porrada é solução e com sua energia e vigor incitam aos demais apenas para maior rebeldia e desacato ao invés de inteligentemente contornar a situação para o bem geral.

Em Sampa nos reteram para entrarmos apenas no segundo tempo, não nos ofereceram a devida segurança e quando fomos ameaçados pela torcida do Corinthians não fomos protegidos e sim espancados sem maiores esclarecimentos. Eu não torço para isto. Tampouco quero estar em um lugar onde não se tem um bar para se comprar comida ou bebida ou até um bebedor para se refrescar.

Nos Aflitos, pelo visto, pensa-se da mesma maneira, oferecendo as piores condições possíveis e declarando-se guerra ao visitante que de adversário em campo transforma-se sumariamente em inimigo total a ser aniquilado a todo custo.

E, como sempre, lemos aquelas histórias para boi dormir: "Se houve algum excesso, foi do jogador". Depois desta afirmação cara-de-pau o policial deveria ser colocado em treinamento e ter o cargo de comando retirado, pois claramente não tem capacidade de julgamento. Mas nada acontece, lógico.

Não vou aqui deixar de registrar que André Luis errou: ao reclamar demais (como todo o time tem reclamado), ao cometer a falta por trás, ao chutar a garrafa, ao fazer gestos obscenos.

Tudo contornável com a presença, intervenção e diálogo do 4. árbitro. Mas onde ele estava? Que estrago uma garrafa de água chutada para o alto, sem intenção de acertar um alvo específico, pode fazer a ponto de ter a mobilização de todo aquele efetivo? Que direito o soldadinho tem de tacar gás de pimenta nos jogadores que não agrediram ninguém? Este soldado, que aparece ameaçando o Diguinho deve ser colocado sobre supervisão médica, pois não tem controle de seus nervos.

Aliás, o presidente da Federação de Futebol de lá fala o que quer porque não convive com alvinegros, porque senão a declaração jocosa dele teria que provavelmente ser engolida a seco - afirmara de maneira irônica que o descontrole do André Luis se dava pela perda do Estadual e a elimanação da CB.

Aqui duas coisas: o presidente da Federação Pernambucana deveria ter mais respeito pela instituição Botafogo, bem como nossos jogadores e diretoria também. Porque se estão todos fazendo este tipo de comentários é porque estamos deixando - através de nossas atitudes - que isto aconteça. Chega de choro, chega de reclamação, chega de conversa. É hora de contemplar nossos valores, todo nosso potencial e tudo o que já foi realizado até aqui para que não percamos a certeza de estarmos em franca evolução. Evolução esta que incomoda a muita gente.

Uma coisa é a questão ética e de identidade própria, o momento de revalorização da grandeza alvinegra, do reencontro de nossos valores que independem dessa conjuntura externa, onde quem nos sacaneia é o mesmo que usa a PM para nos coagir, que usa os juízes para nos ganhar, o tribunal para nos enfraquecer, a manipulação da estrutura para nos separar.

Outra coisa é a vergonha acima relatada e que atende por realidade brasileira presente também no futebol - e se deixar abalar por ela. Se até o pão e circo em formato diferenciado - cerveja e futebol, respectivamente -, estão desse jeito, aonde iremos parar?

Evidenciam-se as bases para uma revolução - tanto no Brasil, quanto no Botafogo -, mas não do tipo de armas e violência, mas aquela silenciosa e verdadeira que acontece em cada um de nós, que acaba por revolucionar pensamento, postura e ação e que efetivamente muda algo no exterior que nos oprime.

Se nada mudar, sugiro para que o Bebeto leve o Botafogo para disputar campeonatos de futebol de verdade: o alemão, o espanhol, o italiano. Viver de excursão vai acabar trazendo mais prazer do que viver tendo que se questionar se o fato de se ter uma administração transparte e ética é o verdadeiro caminho.

É hora de reafirmar nossos valores, de ostentarmos o orgulho de termos uma Estrela Alva brilhando em um Céu Negro de uma época cinzenta. Somos diferentes, graças a Deus. E como Ele, alternamo-nos como o Fogo, como diria Heráclito de Éfeso, filósofo pré-socrático que nos garante nossas raízes helênicas e a alcunha de torcida intelectual desde os primórdios até hoje em dia - mas isto merece um post por si só.

Chega de sermos feitos de palhaços: tal qual o Brasil, o Botafogo merece respeito. Tal qual o brasileiro, o botafoguense já não aguenta mais, mas não entregamos os pontos. Somos os legítimos representantes tupiniquins, não desistimos nunca e nos fortalecemos nas dificuldades, nos unindo e forjando uma nova realidade.

Avante Glorioso! Quanto mais escura a noite, mais brilham as Estrelas! Não há derrrotas para quem nasce Glorioso.

SAN

K1

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